sábado, 20 de setembro de 2025

A casa que educa e a escola que temos

Na crônica A casa que educa, Rubem Alves nos provoca a pensar em uma escola que seja viva, que ensine por meio da experiência, da invenção e da construção. Quando cita Amyr Klink, ele nos lembra que “as crianças aprendem tudo o que devem aprender construindo uma casa viking”. Nesse simples exemplo, percebemos o quanto o aprendizado se torna significativo quando está ligado ao fazer, à curiosidade e à prática.

No entanto, quando olhamos para a educação brasileira atual, percebemos ainda um abismo entre esse ideal e a realidade. Muitas vezes, a escola é reduzida a um espaço de transmissão mecânica de conteúdos, distante da vida real das crianças. Rubem Alves já denunciava: “Toda a nossa história passada, desde os tempos das cavernas, é a história dos homens aprendendo a fazer a natureza fazer o trabalho por eles”. Mas, nas salas de aula, ainda insistimos em práticas que não libertam, que não preparam os alunos para pensar, criar e transformar.

A educação que temos hoje, em muitas redes, valoriza mais a memorização do que a descoberta. Em vez de permitir que o aluno construa, experimente e erre, continuamos a privilegiar provas que medem apenas a repetição. Essa lógica contribui para o desinteresse, a evasão e a falta de sentido que muitos estudantes relatam.

Caminhos possíveis

Se seguirmos o chamado de Rubem Alves, precisamos repensar nossas práticas pedagógicas, para que a escola seja mais próxima da vida. Projetos interdisciplinares, metodologias ativas, oficinas, trabalhos coletivos e aprendizagem baseada em problemas são alternativas que podem aproximar o saber escolar do saber cotidiano.

Também é preciso investir em infraestrutura, valorização docente e currículos que respeitem a diversidade cultural e regional do Brasil. Uma escola que ensine construindo é uma escola que forma cidadãos criativos e críticos, preparados para enfrentar os ventos contrários da vida, como os navegadores que aprenderam a usar as velas.

Rubem Alves nos deixou um alerta que permanece atual: a escola deve ser lugar de encantamento e não de enfado. Como ele mesmo disse: “Peça a um professor para lhe explicar isto”. A resposta não está pronta: precisa ser inventada todos os dias, dentro da sala de aula, no diálogo entre professor, aluno e comunidade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Saúde e Fé

O Salmo 91 é um dos mais belos cânticos de confiança e esperança, lembrando-nos que a fé é uma fonte de proteção e força em todos os momentos da vida. Quando enfrentamos dificuldades, preocupações ou até mesmo questões relacionadas à saúde, encontramos nele palavras que confortam e renovam nosso espírito.

“Quem habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” Essa promessa nos mostra que a fé é um refúgio seguro, capaz de trazer paz interior mesmo em meio às incertezas. A confiança em Deus nos ajuda a enfrentar o medo, fortalecer a mente e o coração, e isso se reflete também em nosso bem-estar físico e emocional.

A saúde não é apenas a ausência de doenças, mas também o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. A fé, por sua vez, é um remédio poderoso, que alimenta a esperança e nos impulsiona a seguir firmes. Quando unimos saúde e fé, encontramos um caminho de vida mais leve, cheio de coragem e confiança.

Assim, o Salmo 91 nos ensina que, mesmo diante de desafios, podemos descansar na certeza de que não estamos sozinhos. A fé fortalece a saúde da alma, e a saúde do corpo se beneficia quando o coração está em paz. Viver com fé é cultivar diariamente um espírito de gratidão, esperança e confiança em Deus, que cuida de nós em todos os momentos.

sábado, 30 de agosto de 2025

Luis Fernando Veríssimo morreu, mas não morreu!

No dia 30 de agosto de 2025, o Brasil perdeu fisicamente um de seus maiores cronistas e humoristas: Luis Fernando Veríssimo faleceu aos 88 anos, em Porto Alegre, após uma internação de cerca de três semanas por pneumonia no Hospital Moinhos de Vento. Ele enfrentava, há anos, complicações de saúde — doença de Parkinson, sequelas de AVC sofrido em 2021 e problemas cardíacos — que o afastaram lentamente das crônicas que tanto amávamos .

Mas, se nos despedimos do homem, a obra sobrevive com a resiliência de quem se recusa a ser reduzido ao fim. Luis Fernando Veríssimo morreu, mas não morreu — porque suas palavras, seu humor e sua sensibilidade continuam ecoando em cada leitura e releitura.

Ele foi o mestre de pequenas grandes epifanias do cotidiano, das “comédias da vida privada”, que nos faziam rir de nós mesmos, com quem se identifica, com quem se encanta — ou se preocupa. Ele escreveu não porque precisasse, mas porque parecia que a vida fosse — como disse — uma obrigação com as palavras, um “cáften das palavras”, nas suas próprias fotos de ofício .

Porque a morte é “uma injustiça”, havia dito em entrevista . Mas é justamente essa leveza — essa mistura de tristeza e doçura — que continua viva: “A morte é uma sacanagem. Sou cada vez mais contra.”

Em suas frases, encontramos a eternidade. A antologia Veríssimas reuniu suas reflexões mais lapidares, sobre a vida, o envelhecimento, o tempo — e sobre a morte — com tanto humor quanto verdade:

“Minha relação é esquecer que ela existe. E espero que ela faça o mesmo comigo.”
“Não deixa de ser um conceito atraente. Dependendo, é claro, de quem serão nossos vizinhos.”

Esses pequenos aforismos carregam uma sobrevivência íntima, porque a verdadeira sobrevivência de Veríssimo está em quem lê, em quem se reconhece nos seus personagens — o Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté, Ed Mort, a Família Brasil — e guarda um sorriso entre as linhas.

Em suas crônicas, como naquela em que escuta o canto das cigarras na fazenda e vê um símbolo de ressurreição: a vida que sai do túmulo, a poesia que ressurge no presente e na memória, trazendo a eternidade num instante comovido .

A poesia, escreveu ele, não vive no passado nem no futuro, mas no presente — e é ali, agora, onde reside a imortalidade de sua voz.

Por tudo isso, é impossível enxergar Luis Fernando Veríssimo como uma ausência. Ele deixou uma obra vasta — mais de 60 ou até 80 livros, dezenas de personagens imortais, contos, crônicas, tirinhas, textos adaptados para a televisão e o humor — que segue viva na pena de leitores, no riso de alguém, no instante em que alguém se reconhece no Universal do particular.

Ele morreu — e, ainda assim, não morreu. Porque enquanto houver leitores que releiam “Quem quase morreu está vivo”, ou desistam de escrever o luto com suas formidáveis mesclas de humor e ternura, ele estará presente. Nas palavras, sim — e, por isso, eterno.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

SOB O SOL AMARELO


O sol nascia forte naquela manhã de agosto. Seu tom amarelo intenso, quase dourado, parecia tocar cada canto da cidade ainda desperta. Enquanto eu o contemplava no horizonte, uma ideia curiosa se formava em minha mente: como seria se eu fosse um kryptoniano? Sob esse mesmo sol, meus desafios do dia a dia se transformariam em nada mais que pequenas pedras no caminho. Força, velocidade, visão além do alcance — como seria mais fácil enfrentar os problemas cotidianos se bastasse um raio dessa luz para me tornar invencível.

Mas a realidade é outra. Somos humanos, frágeis e limitados, e cada batalha da vida exige esforço, paciência e coragem. As contas para pagar, as responsabilidades no trabalho, as dificuldades familiares, os momentos de dor e de incerteza — tudo isso não pode ser vencido apenas com um salto rumo ao céu. É preciso persistir com os pés firmes no chão.

Ainda assim, o sol me lembra algo poderoso. Se não posso voar como Superman, posso acreditar como um ser humano que carrega dentro de si uma força invisível: a fé. A esperança nos dá asas, a determinação nos sustenta e a gratidão nos fortalece. Porque, mesmo diante dos dias mais difíceis, sempre há um novo amanhecer — e o sol amarelo vem para nos lembrar que a vida se renova.

Que possamos seguir com coragem, com fé e esperança, agradecendo por tudo: pelos desafios que nos ensinam, pelas vitórias que nos elevam e pela luz que nos guia todos os dias.


 

domingo, 10 de agosto de 2025

Eles não querem a verdade!

Vivemos tempos em que a verdade se tornou um incômodo. Não porque ela seja inalcançável, mas porque sua luz exige que abandonemos a penumbra confortável de nossas certezas. Muitos, diante de fatos claros, preferem tapar os olhos e proteger o que acreditam, mesmo que isso signifique abraçar ilusões. O problema não é a ausência de informação — vivemos na era do excesso —, e sim a recusa em questionar.

Compartilha-se qualquer coisa que reforce a visão pessoal de mundo, pouco importando se é real ou não. Uma mentira que confirma a crença soa mais agradável que uma verdade que a desafia. Como disse Friedrich Nietzsche, "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras". A convicção cega não precisa de provas; ela se alimenta do conforto emocional, não da razão.

Nesse cenário, cada informação falsa compartilhada não é apenas um engano inocente — é um tijolo a mais na construção de um muro que nos separa da realidade. E, tragicamente, esse muro não protege: ele aprisiona. Nietzsche também advertiu: "Não existem fatos, apenas interpretações". Mas hoje, confundem-se interpretações com invenções, e a mentira travestida de verdade ganha vida própria, espalhando-se com a velocidade de um clique.

A verdade, portanto, não é rejeitada porque seja difícil de entender, mas porque exige coragem para desconstruir aquilo que acreditamos. E coragem, infelizmente, é o que menos se busca quando se está confortável no abraço quente da ilusão.

domingo, 27 de julho de 2025

O Bom Samaritano e a Sociedade Brasileira: Uma Reflexão Sobre Indiferença e Empatia

Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus narra a história de um homem que, ao viajar de Jerusalém para Jericó, “caiu nas mãos de salteadores, os quais, tendo-o despojado e espancado, retiraram-se, deixando-o meio morto” (BÍBLIA, Lucas 10:30). Diante do homem ferido, dois religiosos — um sacerdote e um levita — passam e, deliberadamente, ignoram sua dor: “vendo-o, passaram de largo” (Lucas 10:31-32). Apenas um samaritano, considerado socialmente desprezado na época, interrompe sua jornada, socorre o homem, cuida de suas feridas e garante sua estadia em segurança (Lucas 10:33-35).

Quando olhamos para o Brasil atual, a parábola ressoa como uma denúncia silenciosa sobre a indiferença crescente diante do sofrimento coletivo. Em tempos de polarização, discursos de ódio e desprezo pelos mais vulneráveis, muitos parecem agir como o sacerdote e o levita, virando o rosto para quem sofre por questões sociais, econômicas ou humanitárias, justificando a omissão com ideologias, discursos de “mérito individual” ou até usando a religião para legitimar a falta de compaixão.

A parábola nos provoca a perguntar: quem somos nós nessa história? Vivemos em uma sociedade em que milhares enfrentam fome, violência, desamparo e preconceito. Enquanto muitos defendem políticas e narrativas que reduzem direitos ou reforçam divisões, poucos se dispõem a ser o “samaritano” que enxerga o outro como próximo, não como adversário.

Jesus encerra a narrativa com um chamado claro: “Qual destes três te parece que foi o próximo do que caiu nas mãos dos salteadores? (...) Vai e faze da mesma maneira” (Lucas 10:36-37). A parábola, mais do que uma lição religiosa, é uma convocação ética: em uma nação tão marcada por desigualdade e intolerância, ser “próximo” significa ultrapassar fronteiras ideológicas e praticar a solidariedade, mesmo quando é impopular ou exige sacrifícios pessoais.


Referência (ABNT):

BÍBLIA. Português. Lucas 10:25-37. In: BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

A Parábola do Semeador e a Realidade Contemporânea

 A Parábola do Semeador, narrada por Jesus e registrada nos Evangelhos (Mateus 13:3-9), traz uma mensagem atemporal sobre a receptividade do ser humano à Palavra e aos valores espirituais. O texto bíblico afirma: 

“Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra; e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, vindo o sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz. Outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra caiu em boa terra, e deu fruto: uma, cem; outra, sessenta; e outra, trinta por um” (BÍBLIA, Mateus 13:3-8).

Nos dias atuais, essa parábola pode ser comparada à maneira como as pessoas recebem e vivenciam valores espirituais e éticos em meio a uma sociedade marcada pela pressa, pelo consumo e pela superficialidade. As sementes que caem “à beira do caminho” representam aqueles que, em meio à correria e distrações modernas, não se abrem para reflexão ou crescimento espiritual, sendo rapidamente influenciados por modismos e informações superficiais, como se a mensagem fosse “comida pelas aves”.

As sementes que caem em “lugares pedregosos” refletem pessoas que, embora recebam a mensagem com entusiasmo, não criam raízes, abandonando princípios e valores diante de desafios ou pressões sociais, tal como ocorre com muitos que se deixam levar pela instabilidade emocional e pelas mudanças rápidas da vida contemporânea.

Aquelas que caem entre “espinhos” se relacionam com pessoas que deixam que as preocupações financeiras, a busca incessante por status e os prazeres passageiros “sufocam” o crescimento interior, como muitos que priorizam o consumo e a aparência, negligenciando valores que promovem paz e propósito de vida.

Por fim, a semente que cai em “boa terra” representa aqueles que, mesmo em uma sociedade acelerada e cheia de distrações, cultivam a fé, a ética e a empatia, transformando esses valores em frutos concretos, impactando positivamente suas vidas e a de outros: “E o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a entende; e dá fruto” (BÍBLIA, Mateus 13:23).

Dessa forma, a parábola continua atual, convidando-nos a refletir sobre qual tipo de solo temos sido e como podemos nos tornar “boa terra” em meio aos desafios do mundo moderno.


Referência (ABNT):

BÍBLIA. Português. Mateus 13:3-23. In: BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Por que eu acredito em Deus!



A crença em Deus é, para mim, uma convicção que transcende a razão e se fundamenta na experiência, na revelação e na fé. A Bíblia, como fonte de sabedoria espiritual e histórica, oferece fundamentos sólidos que justificam minha crença, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

No Antigo Testamento, Deus se revela como Criador e Sustentador da vida. O livro de Gênesis afirma: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (GÊNESIS, 1:1). Essa declaração não apenas estabelece a origem divina do universo, mas também aponta para um Deus soberano e intencional. O salmista reforça essa visão ao dizer: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (SALMOS, 19:1), revelando que a natureza é testemunha da existência divina.

Além disso, a relação de Deus com o ser humano é marcada por amor e justiça. Em Jeremias, lemos: “Com amor eterno te amei; por isso, com benignidade te atraí” (JEREMIAS, 31:3). Essa expressão de afeto divino é um dos pilares da minha fé: acreditar em um Deus que ama e se aproxima de nós.

No Novo Testamento, essa revelação se torna ainda mais clara por meio da pessoa de Jesus Cristo. Em João, está escrito: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (JOÃO, 3:16). Essa passagem é central para minha crença, pois mostra que Deus não é apenas uma ideia abstrata, mas um ser que age na história para salvar e transformar.

O apóstolo Paulo também reforça essa fé racional e espiritual ao afirmar: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (HEBREUS, 11:1). A fé, portanto, não é ausência de razão, mas confiança em uma realidade maior que ultrapassa o visível.

Assim, acredito em Deus porque vejo Sua presença na criação, experimento Seu amor na minha vida e reconheço Sua ação redentora por meio de Cristo. A Bíblia, como Palavra inspirada, é o alicerce que sustenta essa crença.

- BÍBLIA. Gênesis 1:1. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

- BÍBLIA. Salmos 19:1. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

- BÍBLIA. Jeremias 31:3. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

- BÍBLIA. João 3:16. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

- BÍBLIA. Hebreus 11:1. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

O "erro" mais cruel da direita brasileira



Em meio ao debate político nacional, poucas propostas se mostram tão perigosas e cruéis quanto a ideia defendida por setores da direita brasileira de desvincular os recursos constitucionais destinados à saúde e à educação, além de atacar os pisos salariais nacionais e o salário mínimo. Sob o argumento de que é preciso dar mais “liberdade de gestão” aos governantes, o que se esconde, na verdade, é um projeto de desmonte do Estado Social brasileiro, com consequências devastadoras principalmente para os mais pobres.

A vinculação obrigatória de recursos para saúde e educação, prevista na Constituição de 1988, não é um capricho nem uma trava burocrática. É uma garantia mínima de que os direitos sociais fundamentais não ficarão à mercê da vontade política dos governos de plantão, muito menos das oscilações do mercado. É essa proteção constitucional que impede que gestores usem o dinheiro público de forma arbitrária, redirecionando verbas para áreas que interessam mais aos grandes grupos econômicos do que ao povo brasileiro.

Ao defender a desvinculação, a direita brasileira tenta naturalizar a ideia de que os direitos sociais são despesas excessivas, e não investimentos essenciais. No entanto, qualquer país minimamente comprometido com a justiça social sabe que educação e saúde públicas de qualidade são o alicerce do desenvolvimento humano, econômico e democrático. Reduzir seus recursos significa empurrar ainda mais a população vulnerável para as margens da cidadania.

O mesmo vale para os pisos salariais nacionais e o salário mínimo. Essas conquistas, duramente alcançadas, garantem um mínimo de dignidade aos profissionais da educação, da saúde, da segurança e a milhões de trabalhadores formais e informais. A proposta de sua flexibilização ou eliminação, sob o argumento de “adequação fiscal”, é, na prática, um convite à exploração do trabalho, à precarização das condições de vida e ao aprofundamento da desigualdade.

O que está por trás dessas propostas é uma lógica perversa: entregar aos governantes — sobretudo os alinhados ao mercado e às elites econômicas — o poder de decidir onde, como e para quem o dinheiro público será usado, sem as amarras da Constituição, sem a obrigatoriedade de garantir os direitos básicos. Isso não é eficiência administrativa, é liberdade para governar em favor dos mais ricos e contra os mais pobres.

O erro mais cruel da direita brasileira não é apenas técnico ou econômico — é ético. É o erro de tratar a educação como gasto, e não como investimento; de tratar a saúde como mercadoria, e não como direito; de enxergar os trabalhadores como obstáculos ao crescimento, e não como protagonistas do país. É a crueldade de pensar um Brasil que cabe no orçamento, mas não cabe no coração e nas necessidades do seu povo.

Se queremos um país mais justo, precisamos reafirmar com firmeza: recursos para a saúde e educação não podem ser negociados; o salário mínimo não é problema, é solução; e direitos não podem ser tratados como privilégios. Desvincular recursos públicos é desvincular o Estado de seu povo. E esse, sem dúvida, é o erro mais cruel que uma nação pode cometer.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

A Necessidade Urgente de uma Reforma Política



A cena política brasileira, muitas vezes, assemelha-se a um palco onde se desenrolam espetáculos de cifras astronômicas e escândalos recorrentes. A quantidade de dinheiro manipulada pelos deputados, seja através de orçamentos, fundos partidários ou as nebulosas emendas parlamentares, atinge patamares que desafiam a compreensão do cidadão comum. Em meio a notícias quase diárias de corrupção, desvios e privilégios, a indignação da população se intensifica.

Diante desse cenário, uma pergunta ecoa e se torna cada vez mais urgente: qual foi o último projeto de lei, proposto e aprovado pela Câmara dos Deputados, que realmente impactou de forma significativa e positiva a vida da população mais necessitada, que, ironicamente, constitui a vasta maioria do Brasil? A resposta, para muitos, é um silêncio ensurdecedor ou uma lista de iniciativas com efeitos pouco perceptíveis no dia a dia de quem mais precisa.

Não precisamos de mais cadeiras no Congresso, inchando a máquina pública com novos salários e benefícios. O que o Brasil clama é por mais trabalho efetivo em prol da maioria da população. Urge um sistema mais transparente para a destinação e fiscalização do dinheiro público, especialmente no que tange às emendas, que frequentemente se tornam balcões de negócios e barganhas políticas. É inadmissível que, enquanto milhões de brasileiros lutam por acesso básico a saúde, educação e saneamento, os representantes eleitos priorizem a aprovação de projetos que beneficiam a si mesmos, suas corporações e as elites do país, perpetuando um ciclo de desigualdade e descrédito na democracia. A reforma política não é apenas um desejo; é uma necessidade imperativa para a construção de um país mais justo e equitativo.

O Brasil precisa de reformas sim, mas não as reformas que a elite quer


 

Nos últimos anos, o Brasil tem sido palco de uma série de reformas anunciadas como necessárias para “modernizar” o Estado, garantir o equilíbrio fiscal e atrair investimentos. No entanto, por trás desse discurso técnico e aparentemente neutro, esconde-se um projeto de país que privilegia os interesses da elite econômica em detrimento da maioria da população. A reforma da Previdência, a flexibilização das leis trabalhistas e a proposta de reforma administrativa são exemplos claros de como o ônus das mudanças recai, quase sempre, sobre os mais pobres, os trabalhadores e o funcionalismo público de base.

A reforma da Previdência, aprovada em 2019, foi vendida como essencial para salvar o sistema da falência. No entanto, o que se viu foi um endurecimento das regras de acesso à aposentadoria, especialmente para quem começa a trabalhar cedo e ganha pouco. A exigência de idade mínima e o aumento do tempo de contribuição penalizam quem não tem estabilidade no emprego — a realidade da maioria dos brasileiros. Enquanto isso, militares e políticos continuaram com privilégios preservados, revelando a seletividade da reforma: para alguns, sacrifício; para outros, exceção.

A reforma trabalhista de 2017 seguiu a mesma lógica. Sob o pretexto de gerar empregos, retirou direitos históricos dos trabalhadores, como o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical sem oferecer alternativa de financiamento para a defesa coletiva dos trabalhadores. Instituiu o trabalho intermitente, precarizou vínculos e fortaleceu a informalidade. O resultado? O desemprego não diminuiu significativamente, os empregos gerados são, em sua maioria, mal remunerados e sem garantias, e a desigualdade social se aprofundou.

Agora, discute-se a reforma administrativa, com foco na redução de custos do Estado. Mas, novamente, a proposta mira nos servidores da base — professores, enfermeiros, técnicos administrativos — e não nos altos salários do Judiciário ou nos supersalários do Legislativo. A ideia de um Estado “mais eficiente” acaba servindo de pretexto para enfraquecer os serviços públicos essenciais, especialmente os que atendem a população mais pobre, como saúde e educação.

Essas reformas não foram feitas para corrigir injustiças ou democratizar o acesso aos direitos. Foram pensadas para proteger interesses do mercado financeiro e garantir a concentração de renda. O Brasil precisa de reformas sim, mas de reformas verdadeiramente estruturais, como uma reforma tributária progressiva, que taxe os mais ricos, os lucros e dividendos, grandes fortunas e heranças bilionárias. Reforma que não venha para sacrificar o povo, mas para distribuir os encargos com justiça.

Mais do que isso, precisamos urgentemente de uma reforma política. Um sistema que permite o financiamento empresarial de campanhas, a perpetuação de oligarquias regionais no poder e o descolamento entre representantes e representados não pode gerar leis que beneficiem o povo. A política brasileira precisa ser democratizada: com mais transparência, participação popular, incentivo à diversidade e ao protagonismo das periferias.

Enquanto as reformas continuarem sendo decididas por quem não depende do transporte público, da escola pública ou do SUS, o resultado será sempre o mesmo: concentração de poder e riqueza para poucos, e sacrifício para muitos. O Brasil precisa mudar, mas não da forma como a elite propõe. É hora de ouvir o povo, de reformar o sistema que perpetua desigualdades e de construir um país mais justo e igualitário para todos.

A SELETIVIDADE DA MORAL



É fascinante observar a facilidade com que muitos de nós erguem o dedo para julgar os erros alheios. Parece haver um prazer quase intrínseco em destacar as falhas do próximo, em desmoralizar condutas que consideramos questionáveis. No entanto, essa postura, muitas vezes, revela uma incoerência gritante: a mesma mão que aponta, frequentemente carrega em si as marcas de erros idênticos, ou até piores, que convenientemente ignoramos em nós mesmos.

A honestidade, nesse cenário, mostra-se uma virtude frágil e seletiva. Condenamos o político corrupto que desvia milhões, mas silenciamos quando um conhecido usa "gato" na TV a cabo ou baixa softwares piratas. Ora, a ilegalidade não se mede pela escala do delito, mas pela violação da lei. Usar TV pirata, explorar softwares pirateados ou burlar impostos, por exemplo, são atos que, em sua essência, partem da mesma raiz de desonestidade que criticamos veementemente nos grandes escândalos. A moral seletiva não anula o erro; apenas o esconde sob a conveniência de um julgamento conveniente. É preciso, antes de apontar, olhar para dentro e reconhecer que a integridade se constrói na coerência de todas as nossas ações.

terça-feira, 24 de junho de 2025

POEIRA QUE NOS CEGA, O VENTO QUE NOS ENSURDECE

 

Reflexões sobre as ações humanas, os fenômenos climáticos e a esperança da renovação

As rajadas de vento e as densas nuvens de poeira que encobriram nossas cidades e florestas, se tornaram um símbolo angustiante do impacto das ações humanas sobre o meio ambiente. As árvores, que antes nos davam sombra e equilíbrio, foram cortadas. O solo, exposto pela ganância e pelo descaso, foi levantado pela força dos ventos como um grito da natureza pedindo socorro. Em meio à paisagem alaranjada e ao ar sufocante, sentimos na pele e nos olhos o peso das nossas escolhas.

A poeira que nos cega não é apenas física — é também simbólica. Cegamo-nos por conveniência, ignorando alertas científicos, desmatamentos, queimadas e a destruição silenciosa do ecossistema. O vento que nos ensurdece é o reflexo da velocidade com que tudo se transforma, da pressa em consumir sem pensar nas consequências, do barulho de uma civilização que grita progresso, mas cala a consciência.

A Bíblia já nos alertava sobre as consequências da negligência e da vaidade humana:

“Porque o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7, NAA).

É como se o solo, cansado de ser ferido, agora devolvesse em poeira o fruto daquilo que lhe foi arrancado. Como se o vento levasse em seu sopro o aviso de que há um limite para tudo — inclusive para a exploração desenfreada da natureza.

“Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Salmo 115:16, ARA).

Fomos designados guardiões da criação, mas nos tornamos predadores. Com olhos fechados e ouvidos ocupados por ruídos artificiais, não ouvimos mais o canto dos pássaros, nem sentimos o perfume das flores. Substituímos a harmonia da natureza pela poluição das máquinas, pelas queimadas nos campos, pelas monoculturas que expulsam a diversidade.

Contudo, mesmo após a tempestade de poeira, mesmo depois dos ventos impiedosos, veio a chuva. E com ela, a lembrança de que sempre há um novo dia. Que apesar de nossas falhas, ainda temos a chance de recomeçar, reconstruir e cuidar da criação com a reverência que ela merece.

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. Renovam-se cada manhã” (Lamentações 3:22-23, ARA).

A chuva, que limpou o ar e umedeceu o solo seco, é também símbolo da graça divina e da esperança que brota mesmo nos momentos mais sombrios. Ela nos convida a enxergar além da poeira, a ouvir além do vento, a repensar nossas ações, e a valorizar o que realmente importa: a vida, o equilíbrio e a responsabilidade com o planeta que nos foi confiado.

Que possamos transformar os dias de caos em dias de reflexão, e que cada gota de chuva seja também uma gota de consciência. Porque o amanhã sempre vem — e com ele, a oportunidade de fazer diferente.


Referências
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução Nova Almeida Atualizada (NAA) e Almeida Revista e Atualizada (ARA). Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.


sexta-feira, 6 de junho de 2025

COMO GIRASSOL

 


A vida é como um campo de girassóis ao entardecer. Cada flor se ergue na direção do sol, buscando luz e energia para continuar crescendo. Assim também somos nós—seguimos em frente, enfrentamos desafios, nos adaptamos às mudanças e sempre buscamos a claridade em meio à escuridão.

O mundo dá voltas, e nem sempre essas voltas são suaves. Às vezes, ventos fortes nos dobram, tempestades nos fazem tremer, e dias nublados nos desafiam a encontrar esperança onde não há luz visível. Mas o girassol nos ensina sobre a resiliência: ele não desiste, não se rende à sombra, e mesmo depois da tempestade, ele se ergue novamente, firme e dourado, pronto para florescer mais uma vez.

Nossa vida é feita de superações. Cada dificuldade que enfrentamos nos fortalece, nos transforma e nos prepara para novos desafios. Assim como o girassol, seguimos nosso próprio ciclo—às vezes nos recolhemos, outras vezes brilhamos intensamente. O segredo é nunca perder a essência, nunca deixar de buscar a luz que nos guia, porque, no fim das contas, somos todos girassóis em um vasto campo, aprendendo a dançar com o vento e a crescer apesar das adversidades. 




segunda-feira, 19 de maio de 2025

Sempre Vai Ser Cedo Demais

Não importa o tempo, a distância ou a inevitabilidade da vida, a verdade é que perder alguém que amamos sempre será cedo demais. Se fosse hoje, há cem anos ou daqui a duzentos, nunca estaríamos prontos.  

A despedida sempre chega como um vento forte e inesperado, derrubando certezas e espalhando saudades. Pode ser que tenhamos tido tempo para uma última conversa, um último abraço, um último “eu te amo”, mas mesmo assim, a sensação será de que foi pouco, de que deveria haver mais.  

O vazio deixado por aqueles que partiram nunca é preenchido completamente. Nos acostumamos com a ausência, aprendemos a caminhar com a dor, mas nunca deixamos de sentir que, se pudessem ficar só um pouco mais, tudo seria melhor.  

E talvez seja isso o que torna as lembranças tão valiosas. Elas nos permitem sentir um pouco da presença que nos falta, nos fazem reviver os risos, os gestos, os momentos que foram eternizados no coração.  

Porque quem amamos nunca parte completamente. Vivem nos detalhes, no jeito de falar, no perfume esquecido em uma roupa, na música que toca e nos faz fechar os olhos, lembrando de um tempo que foi e que, mesmo assim, sempre será nosso.  

Sim, sempre vai ser cedo demais. Mas enquanto carregamos o amor, nunca será tarde para recordar.  

domingo, 27 de abril de 2025

Água, Alma e Vida


 A água, em seu curso incessante, é mais que o rio que mata a sede da terra seca. É espelho da alma, refletindo os humores do coração humano. Ora calma e serena, como a fé que nos ampara, ora revolta e turbulenta, como a paixão que nos arrebata. Assim é a vida do povo, que em cada amanhecer busca na água a força para seguir.

Como a lavadeira que encontra na correnteza do rio o alívio para o suor do rosto e a esperança de um novo dia, a alma também se banha nas águas da experiência, purificando-se das dores e renovando-se para os desafios. A água que nutre a plantação, fazendo brotar o sustento da família, é a mesma que corre nas veias, pulsando a vida e alimentando os sonhos.

No olhar do pescador, que lança a rede e espera a fartura, vê-se a paciência da alma que confia no tempo e na providência. E no suor do trabalhador, que verte como orvalho da testa, encontra-se a água da luta, que tempera o caráter e fortalece a esperança.

Água, alma e vida, entrelaçadas em um ciclo eterno, onde cada gota é um verso na poesia da existência. No dia a dia do povo, simples e forte, a água é mais que elemento, é companheira, é consolo, é a própria essência da vida que pulsa em cada coração.

terça-feira, 22 de abril de 2025

A Tolerância como Práxis

 A tolerância vai além de um conceito abstrato; ela deve se transformar em ação cotidiana. Respeitar o outro significa reconhecer sua individualidade, suas opiniões e seu direito à existência sem julgamentos precipitados. Em um mundo marcado pela diversidade, praticar a tolerância é essencial para construir relações harmoniosas e fortalecer a sociedade.

Ser tolerante não implica concordar com tudo, mas sim aprender a escutar, compreender e conviver pacificamente com diferenças. Pequenos gestos de respeito podem gerar grandes impactos, promovendo um ambiente mais acolhedor e empático para todos. Afinal, é no exercício da tolerância que se encontra a verdadeira essência do respeito.

Além disso, a tolerância precisa ser cultivada desde cedo, nas famílias, escolas e ambientes de trabalho. Ensinar sobre empatia e respeito prepara futuras gerações para interações mais saudáveis e construtivas. O diálogo aberto e honesto é uma ferramenta poderosa para desarmar preconceitos e fortalecer os laços entre as pessoas.

No dia a dia, atitudes intolerantes muitas vezes surgem da falta de conhecimento ou de experiências limitadas. Ao buscar compreender diferentes perspectivas e histórias, ampliamos nossa visão de mundo e reduzimos barreiras. A curiosidade e o desejo de aprender sobre o outro são pontes que nos aproximam e nos ajudam a construir um convívio mais harmônico.

Por fim, praticar a tolerância é um exercício constante de humildade e empatia. Significa reconhecer que ninguém detém todas as verdades e que há sempre algo novo a ser aprendido com os outros. Ao adotar essa postura, contribuímos para um ambiente mais respeitoso e humano, onde a convivência se dá com base no entendimento mútuo e no respeito à diversidade.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Eu sou de outro tempo


Sou de um tempo onde a Semana Santa era um período de profundo respeito e introspecção. Sexta-feira Santa não era apenas um feriado; era um dia sagrado. As famílias uniam-se em silêncio, as igrejas enchiam-se, e os costumes eram levados a sério. Não se comia carne vermelha, as refeições eram simples e modestas. Não havia bebida alcoólica ou celebrações ruidosas. A atmosfera era de reflexão, marcada pela espiritualidade e pelo respeito ao significado da data.

No sábado de aleluia, sim, aí era o dia de festa. Mas a alegria vinha com limites claros e contextos diferentes. Celebrava-se a ressurreição de Cristo, e mesmo com a descontração do sábado, o sentimento espiritual ainda permeava as festividades. As gerações dos anos 70 e 80 viveram essa dicotomia: a Semana Santa como um período de calma e reverência, seguido pela leve celebração no sábado.

Hoje, tudo parece ter mudado. Para muitos, a Sexta-feira Santa transformou-se apenas em mais um feriado no calendário. É comum ver churrascos, festas, e até mesmo baladas nesse dia. O sentimento de introspecção e respeito parece ter sido substituído pela ideia de aproveitar o tempo livre. Os costumes religiosos foram, em grande parte, diluídos em meio à modernidade e à desconexão com as tradições.

A comparação entre as gerações é inevitável. Enquanto os mais velhos olham para os dias de hoje com certa nostalgia, os jovens de agora possuem outra perspectiva. Para eles, o feriado é oportunidade de socializar, de criar memórias com amigos e família, mesmo que os costumes religiosos sejam deixados de lado. O mundo evoluiu e as práticas mudaram; o sagrado deu espaço ao mundano.

Ainda assim, é fascinante observar como os valores e as tradições moldam as gerações. Sou de outro tempo, sim. De um tempo em que o silêncio de uma Sexta-feira Santa tinha um peso diferente, e as festividades do sábado de aleluia eram aguardadas com respeito às limitações que a religiosidade impunha. Mas também sou de um tempo que entende e valoriza a evolução dos costumes, mesmo que, em alguns momentos, a nostalgia fale mais alto. Afinal, cada geração traz consigo sua própria maneira de celebrar e viver o mundo.

sábado, 12 de abril de 2025

A ignorância é um paraíso e só se percebe quando se sai de lá

A ignorância, muitas vezes, é comparada a um refúgio. No desconhecimento, habita um certo tipo de tranquilidade, onde as preocupações são menores porque não se enxerga além do horizonte imediato. Quando estamos mergulhados na ignorância, o peso das responsabilidades, das escolhas informadas e das verdades incômodas parecem inexistir. É como caminhar por um campo florido sem saber dos espinhos ocultos pela relva.

No entanto, ao se expandir os horizontes e absorver conhecimento, é impossível retornar ao estado de inocência original. O despertar para as complexidades do mundo — sejam elas sociais, científicas ou filosóficas — pode trazer não só respostas, mas também inúmeras perguntas que geram angústias e reflexões.

A ironia de "sair do paraíso da ignorância" reside no fato de que, quanto mais entendemos, mais percebemos o quão pouco sabemos. Há quem anseie pelo retorno à simplicidade, mas a verdade é que o crescimento pessoal reside justamente na aceitação desse novo olhar, mais crítico e consciente.

Viver fora do paraíso da ignorância não é fácil. É um convite constante a questionar, a aprender e, principalmente, a lidar com os próprios limites e contradições. Porém, é também uma oportunidade única de construir significados mais profundos para a existência e buscar formas de impactar o mundo com mais clareza e propósito. 

No final, talvez o paraíso verdadeiro não esteja na ignorância, mas na sabedoria em saber navegá-la. 

sábado, 5 de abril de 2025

Sob o pôr do sol

A luz do entardecer cintila sob os raios de um sol que se despede, enquanto a estrada se estende diante dos olhos como uma promessa infinita. A luz dourada, que pouco a pouco dá lugar à penumbra, transforma os contornos da paisagem em sombras que dançam com o vento. Há uma quietude quase mágica nesse instante, um momento em que o mundo parece parar para admirar a beleza de um ciclo que chega ao fim.

A alma, inquieta e reflexiva, se perde em pensamentos. Será que este pôr do sol é o último? Ou haverá ainda muitos a serem vistos, sentidos e vividos? Cada despedida do sol carrega consigo uma melancolia doce, um sussurro de que a vida, como o dia, é finita, mas repleta de momentos brilhantes que devem ser celebrados.

A estrada, com seu silêncio e sua extensão misteriosa, é testemunha das memórias que pesam e das esperanças que ainda iluminam o coração. O horizonte que se distancia não é apenas uma linha; é um chamado para explorar, para seguir adiante, mesmo diante da inevitabilidade do crepúsculo.

O céu, tingido de cores impossíveis de capturar, parece nos lembrar que até o mais cotidiano dos fenômenos pode ser extraordinário. A cada pincelada de laranja, rosa e violeta, o espetáculo natural nos convida a abraçar a paz que existe na simplicidade de ser, na humildade diante da grandiosidade da natureza.

Enquanto a noite toma conta, a viagem pela estrada continua. Não é só uma jornada física, mas também uma peregrinação da alma, que busca respostas e sabedoria no silêncio do entardecer. E assim, cada pôr do sol se torna um marco, um lembrete de que viver é também um ato de contemplação.

terça-feira, 18 de março de 2025

O Eco do Silêncio

Era uma terça-feira comum quando Vicente decidiu que não podia mais. O mundo ao redor parecia gritar, os compromissos o sufocavam, as conversas viravam ruídos vazios. Sua alma, antes abarrotada de desejos e pressões, estava prestes a transbordar. Foi então que ele tomou uma decisão radical: parar. Não apenas desacelerar, mas desconectar-se de tudo e todos.

Em seu pequeno apartamento, Vicente construiu uma fortaleza de isolamento. Desligou o celular, cobriu os espelhos e deixou os dias passarem, mergulhando em sua própria mente. Inicialmente, sentiu uma estranha paz. O barulho externo finalmente havia cessado. Mas, com o passar do tempo, o silêncio revelou outro tipo de vazio – o interno. Sua paz transformou-se em inquietação. Ele percebeu que, ao fugir de tudo, também fugira das coisas que, sem que percebesse, traziam cor à sua vida.

Era uma noite fria quando uma memória o atingiu. Era o sorriso de Clara, sua velha amiga, iluminando o final de uma tarde qualquer em um parque. Era o som das risadas que ele ouvia no trabalho, mesmo nos dias difíceis. Era a sensação de cumplicidade em conversas que tocavam a alma. Vicente percebeu o que havia perdido ao se afastar: conexões. Pessoas. Momentos.

Devagar, ele começou a se abrir novamente. Mandou uma mensagem para Clara, que respondeu com entusiasmo. Ligou para a mãe, que chorou de alegria. Voltou aos lugares que antes considerava insignificantes e reencontrou, aos poucos, pedaços de si mesmo.

Vicente aprendeu que parar não era suficiente. A verdadeira redenção estava em encontrar um equilíbrio – um espaço onde pudesse acolher o silêncio sem abandonar o som das vozes que o amavam. E assim, o eco do silêncio transformou-se em melodia. Não a ausência de tudo, mas a presença do que verdadeiramente importa.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A BNCC e a Alfabetização

 A BNCC e a Alfabetização

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que orienta a educação básica no Brasil, estabelecendo as aprendizagens essenciais para cada etapa do ensino. No que tange à alfabetização, a BNCC define diretrizes claras sobre quando e como esse processo deve ocorrer, garantindo que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade (BRASIL, 2018).

O Início do Processo de Alfabetização

A alfabetização tem início na Educação Infantil, mais especificamente no Jardim I e Jardim II, período que corresponde às crianças de quatro a cinco anos. Segundo a BNCC, essa fase não tem como objetivo a alfabetização formal, mas sim a exposição das crianças ao mundo letrado, incentivando o desenvolvimento da oralidade, o contato com diferentes gêneros textuais e a exploração de símbolos e imagens (BRASIL, 2018).

Jardim I e Jardim II: Primeiras Experiências com a Linguagem

No Jardim I (4 anos), as crianças devem ser estimuladas a ampliar seu repertório linguístico por meio de atividades lúdicas, como rodas de conversa, músicas, contos e brincadeiras simbólicas. Essa etapa também visa desenvolver a coordenação motora fina, necessária para o futuro processo de escrita (BRASIL, 2018).

No Jardim II (5 anos), a interação com a linguagem escrita se intensifica. As crianças são incentivadas a reconhecer letras e números, compreender relações entre sons e grafias e expressar ideias por meio de desenhos e escrita espontânea. Além disso, essa fase também deve incluir o aprendizado da formação de palavras simples e frases curtas, promovendo uma compreensão inicial da estrutura textual e incentivando a comunicação escrita básica (BRASIL, 2018).

O 1º Ano do Ensino Fundamental e a Consolidação da Alfabetização

A BNCC estabelece que a alfabetização deve ser consolidada até o final do 2º ano do Ensino Fundamental, sendo o 1º ano uma etapa crucial nesse processo. Nesse período, as crianças começam a sistematizar o conhecimento sobre a língua escrita, aprendendo a reconhecer e formar palavras, ler pequenos textos e escrever frases simples. A oralidade continua a ser estimulada, assim como a leitura e a produção de textos diversos, promovendo a compreensão e a expressão escrita (BRASIL, 2018).

Diretrizes que Norteiam a Alfabetização

As diretrizes que orientam o processo de alfabetização são estabelecidas pela BNCC e por outros documentos legais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE). A BNCC enfatiza a necessidade de um ensino significativo, considerando a realidade social e cultural dos alunos e garantindo que todos desenvolvam habilidades essenciais para a leitura e a escrita. Além disso, a Política Nacional de Alfabetização (PNA) também traz diretrizes específicas para a alfabetização baseada em evidências científicas (BRASIL, 2018).

Considerações Finais

A alfabetização é um processo contínuo e essencial para o desenvolvimento integral das crianças. A BNCC fornece um direcionamento para garantir que essa etapa ocorra de maneira eficiente e inclusiva, respeitando as individualidades de cada estudante. O papel dos professores é fundamental, pois são eles que, por meio de estratégias pedagógicas adequadas, possibilitam a construção do conhecimento e a formação de leitores e escritores competentes.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

O caminho errado do Alfa Mais

O projeto Alfa Mais, embora tenha um objetivo nobre de melhorar a alfabetização, enfrenta diversos desafios em sua implementação. Um dos principais problemas é a alocação inadequada de pessoal para funções cruciais. Em muitos casos, pessoas que não têm experiência em sala de aula ou em processos de alfabetização são colocadas em posições de responsabilidade, supervisionando e orientando professores no processo de alfabetização. Estas pessoas são frequentemente escolhidas não por sua competência e experiência, mas para que possam receber a bolsa do governo.

Essa situação gera uma série de consequências negativas para o projeto e para a qualidade da educação. Os professores que estão na linha de frente, responsáveis por desenvolver e implementar estratégias de alfabetização, muitas vezes não recebem o suporte necessário. Em vez de contar com orientação de profissionais experientes e qualificados, acabam sendo supervisionados por pessoas sem a devida preparação.

Além disso, essa escolha de pessoal baseada na concessão de bolsas em vez de competência acaba desmotivando os professores que realmente se dedicam à alfabetização em sala de aula. Esses profissionais, que enfrentam diariamente os desafios de ensinar a ler e a escrever, não recebem bolsas nem reconhecimento pelo seu trabalho árduo. Isso pode resultar em desânimo e frustração, impactando negativamente o desempenho e a motivação dos educadores.

É fundamental que o projeto Alfa Mais revise seus critérios de seleção para funções de supervisão e orientação, priorizando a experiência e a capacidade comprovada em alfabetização. Somente assim será possível garantir um apoio efetivo aos professores e, consequentemente, uma melhoria real no processo de alfabetização dos alunos. Além disso, é essencial que os professores que atuam diretamente em sala de aula recebam incentivos e reconhecimento pelo seu trabalho, para que se sintam valorizados e motivados a continuar contribuindo para o sucesso do projeto.

domingo, 12 de janeiro de 2025

A diminuição da média de QI da população: impacto da ausência da leitura no pensamento complexo


Nas últimas décadas, estudos têm apontado para uma preocupante diminuição na média do QI da população em diversos países, fenômeno conhecido como "efeito Flynn reverso". Entre os fatores associados a essa queda, destaca-se o declínio no hábito de leitura. A leitura desempenha um papel essencial no desenvolvimento cognitivo, especialmente no que diz respeito à ampliação do repertório lexical e à capacidade de formular pensamentos complexos.

De acordo com a teoria da interação entre linguagem e cognição, proposta por Lev Vygotsky, o domínio da linguagem é fundamental para o desenvolvimento do pensamento. A leitura expande o vocabulário, o que, por sua vez, facilita o processamento de ideias mais elaboradas e abstratas. Sem esse repertório lexical, o indivíduo encontra dificuldades em compreender e criar conceitos que envolvam raciocínios sofisticados.

A pesquisa conduzida por Anne E. Cunningham e Keith E. Stanovich (1998), publicada no artigo What Reading Does for the Mind, destaca que o hábito de leitura tem um impacto direto no desenvolvimento de habilidades verbais e no aumento do conhecimento geral. Indivíduos que leem frequentemente apresentam um vocabulário mais rico, o que é um dos pilares da inteligência cristalizada – uma das duas principais dimensões do QI.

Além disso, o declínio no tempo dedicado à leitura está diretamente relacionado à substituição por atividades que demandam menor esforço cognitivo, como o consumo passivo de conteúdos em redes sociais ou entretenimento superficial. Esse tipo de consumo, embora possa ser uma forma de relaxamento, não estimula o desenvolvimento de conexões neurais complexas da mesma forma que a leitura.

A falta de leitura também compromete a capacidade de interpretar textos, realizar inferências e articular argumentos – competências indispensáveis para lidar com os desafios do mundo contemporâneo. Em um artigo publicado no Intelligence Journal (Bratsberg & Rogeberg, 2018), foi observado que a queda na média de QI está associada à mudança nos hábitos culturais, incluindo a diminuição de práticas intelectualmente estimulantes, como a leitura e o estudo aprofundado.

Portanto, a diminuição da prática da leitura não apenas enfraquece o conhecimento lexical, mas também inibe o desenvolvimento do pensamento complexo. Para reverter essa tendência, é fundamental promover políticas educacionais que incentivem a leitura desde a infância, bem como conscientizar a população sobre a importância de hábitos culturais que estimulem o cérebro e fortaleçam as bases cognitivas da sociedade.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A importância do professor


O papel do professor é central no processo educacional. Ele está na "ponta da linha", atuando diretamente na sala de aula, onde o aprendizado acontece e onde se constrói o futuro de cada estudante. Apesar disso, muitas vezes não se reconhece plenamente que o sucesso da escola e de toda a estrutura educacional – incluindo secretarias de educação e equipes de gestão escolar – depende, em última instância, da qualidade do trabalho docente. Por isso, é essencial que todos os setores do sistema educacional converjam para apoiar e fortalecer o professor em sua prática pedagógica.

O professor não apenas transmite conhecimento, mas também inspira, orienta e motiva os alunos. É ele quem transforma planejamentos e diretrizes pedagógicas em experiências reais de aprendizado. No entanto, para que o professor possa desempenhar esse papel com excelência, ele precisa de suporte adequado. Isso inclui formação continuada, materiais didáticos de qualidade, condições adequadas de trabalho e, acima de tudo, um ambiente de valorização e respeito ao seu ofício.

As secretarias de educação têm um papel crucial nesse apoio, elaborando políticas públicas que promovam o desenvolvimento profissional do professor e assegurem recursos necessários para a sala de aula. Da mesma forma, a gestão escolar deve funcionar como uma ponte entre o professor e a administração central, criando um ambiente colaborativo e eficaz para a implementação dessas políticas.

É importante lembrar que os esforços de planejamento, organização e gestão só terão impacto positivo se alcançarem a sala de aula, o local onde o aprendizado se materializa. Portanto, a valorização do professor precisa ser a prioridade de qualquer sistema educacional que aspire ao sucesso. Essa valorização não deve ser apenas simbólica, mas traduzida em ações concretas que reconheçam e fortaleçam a importância de seu trabalho.

Reconhecer o professor como o elo central no processo educacional é fundamental para o sucesso da escola e do sistema como um todo. Quando gestores, técnicos e professores trabalham juntos, com objetivos alinhados, quem ganha é o aluno – e, por extensão, toda a sociedade. Afinal, investir no professor é investir no futuro.


terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Como Ajudar Alunos do Ensino Fundamental I a Vencerem a Ansiedade em Sala de Aula

A ansiedade é uma emoção comum, especialmente entre crianças em idade escolar, que enfrentam novos desafios e ambientes. No Ensino Fundamental I, onde os alunos ainda estão desenvolvendo habilidades emocionais e sociais, é crucial que professores e escolas adotem estratégias para ajudá-los a lidar com a ansiedade. Quando isso acontece, o aprendizado se torna mais leve e eficiente, criando um ambiente em que as crianças podem explorar seu potencial.

1. Criar uma rotina estável

Crianças sentem-se mais seguras quando sabem o que esperar. Estabelecer rotinas claras em sala de aula, com horários previsíveis e transições suaves entre as atividades, pode ajudar a reduzir a ansiedade. Um quadro visual com a programação do dia também é uma ferramenta útil para manter as crianças informadas e tranquilas.

2. Estimular o diálogo e a escuta ativa

Muitas vezes, as crianças não sabem expressar o que sentem. Criar momentos para conversas em grupo ou individuais permite que os alunos compartilhem suas preocupações. Professores podem usar frases encorajadoras, como: "É normal sentir-se assim" ou "Você quer me contar mais sobre isso?" para validar os sentimentos dos alunos e oferecer suporte.

3. Ensinar técnicas de relaxamento

Incorporar exercícios simples de respiração, alongamento ou mindfulness na rotina diária pode ajudar as crianças a lidarem melhor com a ansiedade. Técnicas como "respiração da flor e da vela" (inspirar como se estivesse cheirando uma flor e expirar como se estivesse apagando uma vela) são práticas e fáceis de entender para essa faixa etária.

4. Tornar o ambiente acolhedor

A sala de aula deve ser um espaço onde as crianças se sintam seguras. Usar decorações alegres, manter uma atmosfera calma e demonstrar empatia no trato diário são formas de criar um ambiente acolhedor. Além disso, reforçar uma cultura de respeito e inclusão ajuda a prevenir situações que possam causar ansiedade, como bullying.

5. Trabalhar a autoconfiança

Atividades que destacam as habilidades e talentos das crianças são importantes para aumentar sua autoestima. Jogos cooperativos, apresentações em pequenos grupos e tarefas que permitam escolhas ajudam os alunos a perceberem seu valor, reduzindo o medo de cometer erros ou fracassar.

6. Reduzir a pressão por resultados

No Ensino Fundamental I, é essencial priorizar o processo de aprendizado em vez de resultados imediatos. Elogiar o esforço e a dedicação em vez de focar apenas nas notas ensina as crianças a valorizarem suas conquistas e lidarem melhor com os desafios.

7. Envolver as famílias

A ansiedade vivida na escola muitas vezes reflete o que acontece fora dela. Manter um diálogo constante com os pais ou responsáveis é fundamental para alinhar estratégias e oferecer suporte. Oferecer orientações sobre como identificar e lidar com a ansiedade em casa pode trazer benefícios significativos para o aluno.

8. Identificar sinais e buscar apoio especializado

Em casos em que a ansiedade persiste ou interfere gravemente no desempenho do aluno, é importante buscar apoio de profissionais especializados, como psicólogos escolares. Uma intervenção precoce pode fazer toda a diferença no desenvolvimento emocional da criança.

Conclusão

Vencer a ansiedade em sala de aula é um desafio que exige a participação conjunta de professores, famílias e alunos. Ao adotar estratégias empáticas e proativas, é possível criar um ambiente onde as crianças se sintam valorizadas, seguras e confiantes para aprender. Afinal, uma mente tranquila é o alicerce para um aprendizado significativo e duradouro.

Os desafios da sala de aula em 2025

O início de um novo ano letivo é sempre carregado de expectativas, tanto para professores quanto para alunos e suas famílias. Em 2025, com o avanço das tecnologias e as mudanças constantes no comportamento social, os desafios enfrentados na sala de aula assumem novas formas, exigindo planejamento, empatia e inovação para começar o ano com sucesso.

1. Adaptação às tecnologias emergentes

A presença de tecnologias como inteligência artificial, plataformas de aprendizado online e ferramentas de colaboração digital mudou a dinâmica do ensino. Um dos primeiros passos para um ano letivo bem-sucedido é garantir que todos — professores, alunos e pais — estejam familiarizados com as ferramentas que serão usadas ao longo do ano. Promover treinamentos iniciais e práticas guiadas pode evitar dificuldades mais adiante.

2. Criação de um ambiente inclusivo

A sala de aula em 2025 é mais diversa do que nunca, com alunos de diferentes origens, habilidades e formas de aprendizado. Isso requer que os educadores desenvolvam metodologias que respeitem a individualidade de cada aluno. Começar o ano incentivando discussões abertas e promovendo atividades colaborativas pode ajudar a construir um espaço de respeito e acolhimento.

3. Engajamento em meio a distrações

Com o aumento do uso de dispositivos eletrônicos e a constante conexão às redes sociais, manter o foco dos alunos é um desafio significativo. Estabelecer regras claras sobre o uso de tecnologia e introduzir atividades dinâmicas que incentivem a participação ativa são formas de minimizar distrações e melhorar o engajamento.

4. Preparação emocional e social

A saúde mental ganhou mais visibilidade nos últimos anos, e, em 2025, é essencial que as escolas considerem o bem-estar emocional de seus alunos. O início do ano letivo é uma oportunidade para implementar programas de apoio emocional, como rodas de conversa e exercícios de mindfulness, ajudando a criar um ambiente de segurança e confiança.

5. Planejamento colaborativo

O sucesso de um ano letivo começa com um planejamento sólido. Envolver os alunos na definição de metas para o ano pode aumentar o senso de pertencimento e responsabilidade. Além disso, manter uma comunicação aberta com os pais desde o início pode ajudar a alinhar expectativas e fortalecer a parceria entre escola e família.

Conclusão

Os desafios da sala de aula em 2025 são muitos, mas com preparo, flexibilidade e uma abordagem centrada nas necessidades humanas, é possível criar um ambiente onde todos possam prosperar. O início do ano letivo é o momento perfeito para semear as bases de um aprendizado significativo e transformador.