sexta-feira, 26 de junho de 2020

REPROVAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Se, mesmo em situações normais, a reprovação de um aluno só deveria acontecer em casos extraordinários, neste ano, será necessário sermos ainda mais criteriosos. Isso não significa que os estudantes não devam ser avaliados. Identificar as lacunas de aprendizagem será uma das tarefas mais importantes nos processos de retomada. No entanto, se utilizarmos ao fim esses instrumentos apenas para separar quem vai progredir e quem ficará retido, estaremos cometendo uma enorme injustiça com as crianças e jovens que foram privados de suas oportunidades de aprendizagem. 

sábado, 20 de junho de 2020

QUANDO A EPIDEMIA PASSAR, O BRASIL ESTARÁ MAIS TRISTE, MAIS POBRE E CERTAMENTE MAIS DESIGUAL.

Durante a epidemia, o fosso da desigualdade se aprofunda, não só entre quem tem trabalho e quem não tem mas também entre os mais jovens, afetando, provavelmente em boa medida, o seu futuro. Do total dos alunos do ensino básico, os 70% matriculados nas redes públicas estão sem aulas. Enquanto isso, no restrito grupo de escolas de elite da rede privada, crianças e jovens recebem aulas a distância, graças ao acesso privilegiado à internet e a programas de comunicação remota. Não tem erro: quando a epidemia passar, o Brasil estará mais triste, mais pobre e certamente mais desigual.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

VIDA ESCOLAR REMOTA

Os alunos têm realizado a famosa educação a distância (EAD)? Não: eles estão tentando aprender com seus professores mediados pela tecnologia. Estes criaram rapidamente meios de manter seus alunos estudando, em geral transformando o ensino presencial em remoto. Não se constrói uma metodologia de educação a distância de um dia para o outro: exige formação específica dos docentes, por exemplo.
A EAD oferece tutores remotos a quem os alunos podem recorrer quando enfrentam dúvidas ou dificuldades em determinados tópicos, realiza trabalhos que ocorrem simultaneamente com alunos e professor em tempo real – a chamada atividade síncrona – e também as atividades assíncronas, ou seja, as que não ocorrem ao mesmo tempo, além de distribuir os conteúdos a serem ensinados em diferentes desenhos de plataformas e ambientes. É muita diferença!
É, então, ensino domiciliar, ou homeschooling, que a criançada está praticando? Também não! No ensino domiciliar, os filhos não são matriculados em escola e, portanto, não há a participação dela nos estudos. Apenas os pais, parentes ou mesmo os profissionais contratados por eles são responsáveis pela aprendizagem das crianças da família.
Esclarecido o fato de que os alunos estão estudando e realizando tarefas escolares numa situação de emergência, ou seja, muitas vezes com oferta de trabalhos improvisados, o que as famílias podem fazer para ajudar os filhos?
Como manter o filho atento às videoaulas, que podem ter duração de mais de uma hora? Como obrigar o filho a ficar conectado nas atividades escolares? Como ajudar nas tarefas?
Muitas famílias estão perdidas nessa situação; escolas também, já que nem sempre elas se lembram que não dá para oferecer o mesmo ensino anteriormente planejado e cobrar a mesma aprendizagem dos alunos.
Há alunos do ensino médio tendo até 9 horas de aulas por dia; crianças de 3 (3!) anos tendo aulas expositivas pelo menos uma vez por semana e duas, quando têm 5 anos; e crianças de 9 a 12 anos de idade que passam a manhã assistindo às aulas e ainda recebem tarefas de casa.
Calma lá, minha gente! Desse jeito, vamos acabar enlouquecendo famílias e alunos. Dá para lembrar que eles estão estressados, ansiosos, angustiados, inseguros e com receios com a pandemia? A conta de tanto trabalho e de tantas cobranças sobre eles virá depois, sabia?
E, como se não bastasse, há escolas fazendo provas neste período. O que podemos avaliar nesse contexto? O aprendizado do aluno, a adaptação dele ao ensino remoto e às estratégias que a escola criou? Ou será que avaliaremos se a metodologia criada pela escola está adequada? Essa última alternativa é a melhor possibilidade.
As crianças vão aprender como aprendiam antes? Provavelmente, não. Algumas vão aprender em outro ritmo, outras não conseguirão focar a atenção para aprender tudo o que seu potencial permitiria e outras, ainda, resistirão bravamente à ajuda dos pais. Mas – surpresa! –, algumas aprenderão bem mais!
Vamos lembrar: a escola básica tem a duração de 12 anos letivos, minha gente. Alguns meses a menos – dois, três ou até seis – não vão comprometer a vida de nenhum aluno.
Os trabalhos escolares de seu filho estão conturbando a vida familiar e a pessoal dele? Converse com a escola, apresente a situação sem rodar a baiana e peça sugestões. Este é um bom momento para recriarmos em outras bases a parceria escola-famílias.
Seu filho não consegue ficar atento às aulas? Saiba que na escola isso também ocorre, com a diferença de que, lá, há um enquadre pedagógico e, em casa, não. Outras crianças da mesma sala conseguem? Lembre-se que as crianças são diferentes, o que não significa que sejam piores ou melhores na aprendizagem.
Em resumo: não se estresse, nem estresse ainda mais seus filhos com a vida escolar remota.