É fascinante observar a facilidade com que muitos de nós erguem o dedo para julgar os erros alheios. Parece haver um prazer quase intrínseco em destacar as falhas do próximo, em desmoralizar condutas que consideramos questionáveis. No entanto, essa postura, muitas vezes, revela uma incoerência gritante: a mesma mão que aponta, frequentemente carrega em si as marcas de erros idênticos, ou até piores, que convenientemente ignoramos em nós mesmos.
A honestidade, nesse cenário, mostra-se uma virtude frágil e seletiva. Condenamos o político corrupto que desvia milhões, mas silenciamos quando um conhecido usa "gato" na TV a cabo ou baixa softwares piratas. Ora, a ilegalidade não se mede pela escala do delito, mas pela violação da lei. Usar TV pirata, explorar softwares pirateados ou burlar impostos, por exemplo, são atos que, em sua essência, partem da mesma raiz de desonestidade que criticamos veementemente nos grandes escândalos. A moral seletiva não anula o erro; apenas o esconde sob a conveniência de um julgamento conveniente. É preciso, antes de apontar, olhar para dentro e reconhecer que a integridade se constrói na coerência de todas as nossas ações.
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