Vivemos tempos em que a verdade se tornou um incômodo. Não porque ela seja inalcançável, mas porque sua luz exige que abandonemos a penumbra confortável de nossas certezas. Muitos, diante de fatos claros, preferem tapar os olhos e proteger o que acreditam, mesmo que isso signifique abraçar ilusões. O problema não é a ausência de informação — vivemos na era do excesso —, e sim a recusa em questionar.
Compartilha-se qualquer coisa que reforce a visão pessoal de mundo, pouco importando se é real ou não. Uma mentira que confirma a crença soa mais agradável que uma verdade que a desafia. Como disse Friedrich Nietzsche, "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras". A convicção cega não precisa de provas; ela se alimenta do conforto emocional, não da razão.
Nesse cenário, cada informação falsa compartilhada não é apenas um engano inocente — é um tijolo a mais na construção de um muro que nos separa da realidade. E, tragicamente, esse muro não protege: ele aprisiona. Nietzsche também advertiu: "Não existem fatos, apenas interpretações". Mas hoje, confundem-se interpretações com invenções, e a mentira travestida de verdade ganha vida própria, espalhando-se com a velocidade de um clique.
A verdade, portanto, não é rejeitada porque seja difícil de entender, mas porque exige coragem para desconstruir aquilo que acreditamos. E coragem, infelizmente, é o que menos se busca quando se está confortável no abraço quente da ilusão.
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