sábado, 12 de junho de 2021

Os pais enfrentaram, e ainda irão enfrentar por um bom tempo, situações difíceis com os filhos nesta época de pandemia.

Os pais enfrentaram, e ainda irão enfrentar por um bom tempo, situações difíceis com os filhos nesta época de pandemia. Se, antes de as escolas fecharem, muitas mães chegaram a dizer “Eu já fiz de tudo” ao se referirem a comportamentos ou reações dos filhos, hoje elas reconhecem que já inventaram soluções e estratégias inimagináveis anteriormente. E podem - e terão - de criar outras mais, ainda. As preocupações, angústias, inseguranças e dúvidas - muitas dúvidas - habitam hoje a cabeça dos pais.

Para alguns, uma pequena mudança de comportamento do filho já sinaliza algum possível problema; para outros, o atraso na aprendizagem em mais de um ano sem escola presencial é um tormento para o qual não encontram soluções que considerem produtivas. A saúde física e mental dos filhos é mais um motivo para sustentar o sinal amarelo piscando na cabeça deles o tempo todo. E o sinal vermelho acende com muita frequência, pelo tédio e pela solidão que observam os filhos passarem. De vez em quando, parece que foram os pais que criaram a pandemia, tamanha é a culpa que carregam. Estão carregando um peso enorme nas costas tanto por acompanharem o tempo presente na vida dos filhos quanto sobre o que imaginam que será do futuro deles. Estão fragilizados.

O aluno, tanto da educação infantil quanto do ensino fundamental 1, precisa de um local designado para aprender - a escola -, precisa de um adulto presente preparado e disposto a ensinar - o professor -, e companhia na árdua tarefa de aprender - os colegas. O ensino remoto não consegue substituir esses requisitos para a maioria das crianças.

O que fazer, então? Primeiramente, ter paciência e tolerância com as dificuldades ou recusa do filho nos estudos. Adianto: pressionar, dar broncas, fazer discurso moral, além de não adiantar nada, pode piorar a situação. Conversar com a escola é uma ótima providência, apesar de que muitas não se comovem nem um pouco com a situação apresentada. Sabe por quê? Porque elas também não têm soluções a oferecer. É, não existe escola perfeita. Entretanto, há escolas que estão sensibilizadas com o contexto vivido por seus alunos e suas famílias no estudo remoto. E, lado a lado com a família, em um diálogo, ganham maiores chances de encontrar boas soluções.

Enquanto isso, estimule a inteligência e o raciocínio de seus filhos. A afetividade entre pais e filhos é importante para isso, sabia? Dê atenção a eles sempre que for possível, conversando, fazendo trabalhos domésticos juntos, ouvindo com interesse real o que falam, mostrando o mundo a eles por meio de livros, filmes, histórias. Desafie seus filhos a conseguirem algo que para eles é difícil, apresente jogos de tabuleiro.

E como fazer a criança pequena entender e respeitar o trabalho remoto dos pais feito de casa? Lembre-se: o concreto ajuda mais do que o abstrato, do que a explicação falada. Repetir a rotina anterior à pandemia de quando os pais saíam para o trabalho pode ajudar: despedir-se deles e dizer que vai ao trabalho.

E o tédio das crianças sem escola, sem colegas para brincar, sem viajar, sem passear? Agora, precisamos devolver a autonomia de brincar às crianças. Em vez de brincar com os filhos, sugerir algumas brincadeiras diferentes é uma possibilidade. Seus filhos estão sofrendo? Sim. Vocês também? Sim. Essa é a nossa realidade, sobre a qual não temos controle, e não somos nada mais do que humanos com dores, dissabores, mas também com possibilidades e potenciais diversos. Que façamos bom proveito.