domingo, 28 de março de 2021

Grandes desafios para as escolas

Temos grandes desafios para as escolas do futuro. Apesar de aparentar ser um paradoxo, a tecnologia devolverá a humanidade ao ser humano. Isso acontecerá, pois toda a tomada de decisão que possuir uma resposta clara e objetiva será facilmente absorvida e substituída pela inteligência artificial. Portanto, as escolas precisam preparar os estudantes para lidar com as funções essencialmente humanas, como a criatividade, resolução de problemas, trabalho em equipe e outras tantas competências e habilidades que vão além do conteúdo e das questões de múltipla escolha.

O ambiente escolar precisa estimular a curiosidade, manter aceso o desejo de aprender e criar conexões além da sala de aula. Imagine se o trabalho em equipe fosse feito com estudantes de diferentes estados brasileiros e não necessariamente com aqueles que estão na mesma sala. Somente uma educação que considere o indivíduo em suas particularidades pode buscar dar conta de um país de dimensão continental. A tecnologia reduziu as barreiras físicas, mas o Brasil enfrenta a quebra do paradigma cultural, uma verdadeira revolução para a construção coletiva da próxima grande transformação que deve acontecer na educação nos próximos anos.

O aumento da expectativa de vida também amplia a necessidade de formação contínua. As pessoas precisam ser ensinadas a estudar de uma forma diferente e autônoma. O grande desafio da educação é efetivamente reinventar as relações humanas. O mundo precisa de mais cuidado, colaboração, olhar para o outro, empatia e isso só é possível com a ajuda de famílias e escolas, que são grandes agentes de transformação da sociedade.

quinta-feira, 4 de março de 2021

O ENSINO PÚBLICO E A VOLTA ÁS AULAS

 O ensino público, em condições normais, demanda mais do que assegurar que, para cada aula, haja um professor preparado, uma infraestrutura adequada e os materiais necessários. Há a merenda escolar que precisa chegar a cada escola, a limpeza dos ambientes, o atendimento das famílias, o contato com a rede de proteção à infância e a gestão de espaços adicionais, como salas de leitura escolares, quadras para educação física, salas de artes e laboratórios de ciências.

Tudo isso se torna mais sério quando há uma crise. Neste contexto, apelar para usos e costumes, no estilo "sempre fizemos assim", já não é suficiente, e a logística necessária envolve uma organização de processos que não dialoga com o calendário escolar.

Dois exemplos evidenciam a importância de competências logísticas entre gestores educacionais. O primeiro foi a importância de se fazerem pequenas obras nas escolas, aproveitando a ausência das crianças, para torná-las mais seguras para o retorno às aulas presenciais. Era importante tornar as salas mais ventiladas, aumentar o número de pias, rever encanamentos ou a conexão com o sistema de esgoto.

Um segundo é a aprendizagem remota e a alimentação em casa. É necessário enviar cadernos autoinstrucionais às residências, adquirir chips para celulares e providenciar caixas com mantimentos para os mais vulneráveis. Cerca de 83% dos alunos de redes públicas são de famílias que recebem até um salário mínimo per capita.

E agora, com a possível volta às aulas começando a acontecer, o desafio logístico torna-se maior, frente a um calendário de vacinações que não deu prioridade a professores. Nesse sentido, será urgente o exercício de liderança por parte de gestores. Afinal, alguém terá que ser a voz das crianças e jovens menos afluentes e defender que educação é atividade essencial. Sem isso, não haverá futuro para o Brasil!