quarta-feira, 22 de maio de 2013

Crônica de uma aula (Escrito em 20 de maio de 2009)

Estava pensando se escrevia isso ou não. Demorei mas me decidi por colocar aqui uma experiência que aconteceu comigo, hoje (20/05/2009) na sala do 3º ano A (Ensino Médio) na escola onde trabalho. Não que isso jamais tivesse acontecido antes, mas é que agora resolvi expor aqui. Estávamos em uma aula cujo tema era justamente a "crônica" e depois de poucas palavras uma aluna me pediu para ler o texto - uma crônica de Fernando Sabino - e eu não vendo nada de mais naquilo consenti. Ela começou a leitura e ia bem quando me peguei viajando pela sala observando (como quase sempre faço) o comportamento dos alunos durante a leitura. Olhei para o lado esquerdo da sala e uma aluna se olhava no espelho, como que espremendo algum cravo ou alguma espinha, talvez até se admirando. Logo ao lado dela um aluno olhava concentrado para sua própria mão, como se tentasse adivinhar o futuro (o seu futuro), ainda no fundo da sala outro aluno (meu filho) rabiscava alguma coisa em folhas de seu caderno (com certeza nada tinha a ver com o tema da aula). E a leitura continuava e como não poderia deixar de ser (por ser do Fernando Sabino) muito interessante. A sala é pequena e logo a frente observei uma aluna com o olhar "morto", perdido no tempo, parecia que estava olhando para fora da sala, os olhos vidrados, daquele jeito que ficamos quando estamos "olhando para dentro". Logo do seu lado, a direita dois alunos observavam um "não sei o quê" enquanto outro acho que "fingia ler". Não sobraram muitos alunos prestando verdadeira atenção ao texto e à leitura. Pensei em interromper e chamar a atenção dos alunos, por um momento, refleti. Será diferente em outras aulas (melhor ou pior), será que estou acrescentando algo a vida destas "crianças" (nem tanto), deixei o "barco seguir" e já fiquei imaginando este texto. Após a leitura chamei a atenção dos alunos e fiz um breve comentário sobre o texto, e eles até participaram. Depois voltamos a velha rotina, eu disse: "Meninos, respondam as questões 1 e 2 da página tal". E continuamos fazendo o possível para tornar o impossível mais "possível" e construir uma realidade menos dura para eles.

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