quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

 

O TDAH é um transtorno do desenvolvimento do autocontrole que atinge a atenção, o controle de impulsos e o nível de atividade. Socialmente, essas crianças, muitas vezes, são compreendidas como indisciplinadas pela própria dificuldade de atentar e de seguir regras. (JOU et al., 2010).

Segundo Araujo e Santos (2003), o TDAH é avaliado, também, como um distúrbio biopsicossocial, no qual podem ocorrer fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que cooperam para a ativação desse problema.

Para Mattos (2013), o TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética, que tem início na infância e pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) caracteriza-se pela combinação dos sintomas de déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade (ALVES, 2014).

De acordo com Santos e Vasconcelos (2010), o TDAH pode ser caracterizado por padrões comportamentais de desatenção, como cometer erros por descuido em atividades escolares, especialmente aquelas que demandam um maior esforço. Muitas vezes, também parecem não escutar o que lhes foi dito ou dão impressão de estarem com o pensamento em outro lugar.

A complexa aprendizagem na escola afronta a hiperatividade: se a criança não progride em suas tarefas, fica desmotivada e com a sua autoestima abalada, sentindo frustração (ARAUJO; SANTOS, 2003).

Para Bastos, Thompson e Martinez (2000), esse distúrbio é de origem genética, e é ocasionado pela insuficiente produção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo domínio de diversos sistemas neurais, abarcando aqueles que conduzem a atenção, a conduta motora e a estimulação.

Diversas suposições esclarecem as causas da hiperatividade. Lopes, Nascimento e Bandeira (2005) alegam que esses desenhos estruturais e metabólicos, somados a estudos genéticos, bem como à pesquisa sobre a reação às drogas, confirmam que o TDAH é um transtorno neurobiológico. Mesmo diante da intensidade dos problemas conhecidos pelos portadores alterarem de acordo com suas experiências de vida, tem como fator categórico a genética.

Para Rohde et al. (2004), a hiperatividade ocorre mais na população masculina. O motivo da altercação na proporção de meninos e meninas, de acordo com os estudos, é que as meninas tendem a apresentar o TDAH com preponderância para os sintomas de desatenção.

A Associação Americana de Psiquiatria utiliza oficialmente o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que apresenta os sintomas que diferenciam os tipos de TDAH e a constância com que eles devem abrolhar para que se possa determinar a existência ou não do transtorno. De acordo com o DSM IV:

  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade tipo combinado: a maioria das crianças e adolescentes com o transtorno tem o tipo combinado.
  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade tipo predominantemente desatento: a hiperatividade pode ainda ser uma característica clínica importante em muitos casos, enquanto outros são mais puramente de desatenção.
  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade tipo predominantemente hiperativo-impulsivo: a desatenção pode, com frequência, ser uma característica clínica importante nesses casos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002).

Segundo Schwartzman (2001), a identificação do diagnóstico funcional e sindrômico podem indicar, também, a conhecer condições neurológicas progressivas que podem aparecer, inicialmente, de modo sutil, por vezes, por meio de um distúrbio do comportamento e/ou da aprendizagem escolar. Por outro lado, cabe ao médico neurologista a prescrição de medicações que poderão, em certas ocasiões, ser benéficas aos alunos, aprimorando, inclusive, a aprendizagem e/ou melhorando problemas comportamentais presentes e que podem influenciar na sua atividade escolar.

Para Araújo e Santos (2003), a parceria com a escola permitirá que eventuais melhoras e/ou possíveis pioras possam ser identificadas nas salas de aula e debatidas com o médico.

Segundo Luizão e Scicchitano (2014), uma vez examinado o problema, se faz indispensável o trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas. Estes devem realizar um plano quanto às metodologias e intervenções que serão praticadas para o atendimento desse aluno. Tais estratégias englobam: mudança do ambiente, adaptação do currículo escolar, flexibilidade na realização e apresentação de tarefas, adequação do tempo de atividade, administração e acompanhamento de medicação.

A maneira mais aconselhável de se investigar o TDAH é por meio do trabalho em equipe, que engloba tanto abordagens individuais com o portador como medicação, acompanhamento psicológico, terapias específicas, técnicas pedagógicas apropriadas e estratégias para as outras as pessoas conviventes dele, como terapia para a família, explicação sobre o assunto para pais e professores com um treinamento com profissionais especializados (GOLDSTEIN; GOLDSTEIN, 1994).

Para que uma criança ou jovem com TDAH tenha a capacidade de aumentar a sua potencialidade e caminhar pela vida de maneira apropriada e gratificante, é imprescindível que as pessoas abrangidas no processo de acompanhamento mantenham estreita comunicação e forte colaboração (SMITH, STRICK, 2001).

Araújo e Santos (2003) afirmam que, no tratamento do TDAH, são utilizados medicamentos psicoestimulantes, os quais proporcionam uma resposta positiva em 70% a 80% das crianças e adultos. Em alguns casos de tratamento da hiperatividade, que inclui a psicoterapia, faz-se o uso de antidepressivos (psicotrópicos) por alguns médicos.

Foi ressaltada pela medicina que, para o tratamento do TDAH, aconselha-se o uso de medicamentos excitantes, como a anfetamina, que acalma o comportamento hiperativo da criança, porém, provoca alguns efeitos colaterais graves, como a hipertensão, hepatite ou perda de apetite. Outro medicamento usado é o cloridrato de metilfenidato, sendo o mais utilizado pelos médicos, e, na psiquiatria infantil, é a substância mais estudada, mas também apresenta efeitos colaterais, como falta de apetite, insônia e retardo no crescimento corporal (DIAS; BADIN, 2015).

Em casos considerados leves, o TDAH pode ser cuidado apenas com terapia e reorientação pedagógica, afirmam Andrade e Scheuer (2004), e os casos graves necessitam de tratamento com medicamentos. O tratamento é feito por um período mínimo de dois anos, mas aconselha-se ir até a adolescência, quando os sintomas diminuem ou desaparecem, devido ao amadurecimento do cérebro, que equilibra a produção da dopamina. Dessa forma, grande parte da responsabilidade do resultado e das atividades da criança recai sobre os pais, professores e outros adultos que convivem com a criança. Recomenda-se que a família também receba orientação psicológica. Para o autor, um número pequeno de crianças consegue superar sem tratamento parte do problema da hiperatividade.

A hiperatividade é comumente analisada em um conjunto de comportamentos que incluem certa inadequação. Para Desidério e Miyazaki (2007), os sintomas da indisciplina e da hiperatividade são semelhantes, mas há distinções comportamentais que diferenciam a hiperatividade. A criança portadora do TDAH demonstra com mais exatidão as características do transtorno em idade escolar, pois é nesse ambiente que ela demonstrará as características que definem o TDAH. As dificuldades na escola não surgem só pela falta de atenção, mas também por distúrbios viso-perceptivos.

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