quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A INDISCIPLINA E O TDAH NA ESCOLA

 

Para Araújo (2004), o TDAH é frequentemente considerado, erroneamente, como um tipo específico de problema de aprendizagem. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas possuem dificuldades em virtude do impacto que os sintomas provocam. Na escola, as crianças com TDAH podem apresentar, em geral, inteligência média ou acima da média. Porém, demonstram alguns problemas na aprendizagem ou no comportamento, relacionados a desvios das funções do sistema nervoso central, promovendo dificuldades na percepção, conceitualização, linguagem, memória, controle da atenção, motricidade e impulsividade.

Alunos com dificuldades de concentração, com hiperatividade ou indisciplinados, exigem uma maior atenção por parte dos educadores, pois tendem a apresentar uma demora para aprender. Segundo Mattos (2005), é durante o período escolar que aparecem as manifestações mais evidentes da hiperatividade. A criança pode não conseguir aprender a ler na mesma velocidade que as outras, possui dificuldades de abstração e apresenta problemas em tarefas que requerem coordenação visomotora, sua escrita, cópia e desenhos nem sempre são adequados e se apresentam com problemas perceptivo-motores. Na escola, é importante que o TDAH não seja confundido com indisciplina e que o aluno seja auxiliado, e não punido.

Para Machado e Cezar (2008), professores de alunos que exibem problemas de hiperatividade necessitam ter paciência e disponibilidade, pois eles precisam de muita atenção. A criança hiperativa comumente tem baixa autoestima pelo fato de apresentar dificuldades na concentração. É indispensável desenvolver um repertório de intervenções para atuar com eficácia no ambiente da sala de aula com a criança portadora de TDAH. As crianças com TDAH podem permanecer na classe normal com pequenos ajustes na sala, como a utilização de um auxiliar ou programas especiais a serem usados didaticamente na sala de aula. Uma sala de aula para crianças desatentas deve ser organizada e estruturada. Os professores devem ter conhecimento e aprender a discernir sobre o transtorno e inserir socialmente o aluno diagnosticado com o TDAH em sala de aula, de forma inclusiva.

Freitas (2011) reforça que, além das dificuldades apresentadas pelos portadores do TDAH no processo de aprendizagem, estes possuem, também, muitas características positivas, dentre elas: bom nível intelectual, criatividade aguçada, sensibilidade e outras. Também é preciso advertir que, para estes alunos conseguirem manter a atenção, é necessário que o assunto, conteúdo, tarefa ou atividade seja interessante e estimulante para eles, e que o aluno com TDAH merece e tem seu direito de desenvolver todas as suas potencialidades e inserir-se socialmente assegurado por lei. Ainda segundo o autor, após o diagnóstico, faz-se indispensável a adoção de medidas que promovam um novo direcionamento para a educação do aluno em todos os ambientes de convívio social do mesmo. Neste caso, indica-se um acompanhamento interdisciplinar, com o acompanhamento dos médicos e do psicopedagogo, na busca de estratégias para melhor aproveitamento da aprendizagem, de acordo com as necessidades demonstradas pelo paciente, em conjunto com a equipe interdisciplinar, família e escola.

O aluno com suspeita de TDAH é aquele que, por comportamentos e sintomas de desatenção, inquietação ou impulsividade, possui dificuldade para permanecer quieto, para permanecer sentado, quase sempre mexendo as mãos e pés de forma desesperada, corre pela sala e se mantém agitado, faz intromissões desconexas ao assunto e andamento da aula (HENNIG; FORLIN, 2016).

Uma afirmação muito comum entre os professores é que os alunos são na escola o que trazem de casa. No contexto da sala de aula, Freller (2001) cita que a indisciplina ocorre como uma insatisfação por parte dos alunos.

É necessário saber ouvir e compreender a mensagem que se esconde através do comportamento manifestado na indisciplina. Para Santos (2020), crianças apresentam comportamento reativo e condizente com a postura e preocupação do professor em sala de aula. O autor expõe que brigas, discussões, bagunças, falar alto, imitar animais, são exemplos de comportamentos de alunos que apresentam indisciplina em sala de aula. Logo, a indisciplina em sala de aula se manifesta através da quebra de regras e preceitos. O estágio cognitivo do aluno não deve motivar a indisciplina em sala de aula.

Para não avaliar de maneira errônea o comportamento dos alunos, o professor precisa compreender que o aluno com um comportamento considerado como normal é aquele que apresenta um comportamento esperado para a turma, e que o aluno indisciplinado é aquele que, com motivação ou não pelo professor ou pela escola, não obedece às regras e às normas e é comumente desobediente diante do coletivo. Nesse caso, o autor afirma que um aluno que se distancia do comportamento da maioria o faz para chamar a atenção (GIRAFFA, 2013).

Nesse sentido, Junior (2021) complementa que o professor necessita ser capaz de motivar as capacidades e potencialidades dos seus alunos, incentivar seus interesses pelos estudos e aprimorá-los com qualidades humanísticas e intelectuais. Deve conhecer os alunos sob a ótica que os envolvem, podendo discernir o que é um aluno com comportamento indisciplinado e um aluno com diagnóstico de TDAH; conhecer o aluno singularmente, sob as condições ambientais e familiares que o circundam; deve ter um conhecimento amplo ao relacionar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos e possuir meios de identificar e conhecer melhor o seu aluno.

Deve, o professor, considerar o aluno como único em uma turma heterogênea, ponderando que cada aluno deve ser visto como um ser único, com comportamentos próprios e condicionados a condições ambientais e genéticas. Não pode ser julgado como de comportamento anormal dentro do contexto de uma turma heterogênea, com relação a indícios de TDAH, tomando-se em consideração que o professor deve julgar o comportamento de seus alunos sob uma visão sistêmica, de distinção entre comportamentos indisciplinados e comportamentos com diagnóstico médico atestando TDAH (GONÇALVES; VOLK, 2016).

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