quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A INTOLERÂNCIA

O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não se ver

superficialmente os defeitos alheios, mas em se procurar salientar o que há de bom e

virtuoso no próximo. (E.S.E, Cap. XVIII item 18)

Precisamos romper em nós as algemas do apego à imagem que idealizamos com relação

ao mundo e às pessoas. Não podemos pretender exigir de outrem aquilo que ele não pode

nos oferecer. Importa aceitar e respeitar as criaturas mesmo dentro de suas limitações,

mesmo quando corrompidas, criminosas ou viciadas. O amor universal a que a verdadeira

caridade nos convida, consiste em vivenciar o amor em si mesmo, independente de

preconceitos ou discriminações.

Aquele que só é justo com os bons, generoso com os pródigos, misericordioso com os

mansos, não é nem justo, nem generoso, nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele

que só o é com as pessoas boas. Se a tolerância é uma virtude, ela vale por si mesma, e

sobretudo para com as pessoas mais difíceis. Virtude que discrimina, não o é.

Tolerar consiste em não exigir; compreender e respeitar as condições ou limitações das

pessoas. Mais do que isso, tolerar não é suportar, mas encarar a todos com o pressuposto

de que possuem uma essência espiritual, e enquanto tal são necessariamente dotadas de

bons sentimentos, e com infinitas potencialidades latentes a serem manifestas.

Ser tolerante consiste, portanto, em eliminar a intransigência em nossas análises críticas

em relação ao próximo; evitar comentários desairosos; afastar sentimentos de mágoa ou

inconformação por algo contrário à nossa vontade.

Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o

rigor desalenta, afasta e irrita. (ESE., Cap. X, item 16).

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