O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não se ver
superficialmente os defeitos alheios, mas em se procurar salientar o que há de bom e
virtuoso no próximo. (E.S.E, Cap. XVIII item 18)
Precisamos romper em nós as algemas do apego à imagem que idealizamos com relação
ao mundo e às pessoas. Não podemos pretender exigir de outrem aquilo que ele não pode
nos oferecer. Importa aceitar e respeitar as criaturas mesmo dentro de suas limitações,
mesmo quando corrompidas, criminosas ou viciadas. O amor universal a que a verdadeira
caridade nos convida, consiste em vivenciar o amor em si mesmo, independente de
preconceitos ou discriminações.
Aquele que só é justo com os bons, generoso com os pródigos, misericordioso com os
mansos, não é nem justo, nem generoso, nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele
que só o é com as pessoas boas. Se a tolerância é uma virtude, ela vale por si mesma, e
sobretudo para com as pessoas mais difíceis. Virtude que discrimina, não o é.
Tolerar consiste em não exigir; compreender e respeitar as condições ou limitações das
pessoas. Mais do que isso, tolerar não é suportar, mas encarar a todos com o pressuposto
de que possuem uma essência espiritual, e enquanto tal são necessariamente dotadas de
bons sentimentos, e com infinitas potencialidades latentes a serem manifestas.
Ser tolerante consiste, portanto, em eliminar a intransigência em nossas análises críticas
em relação ao próximo; evitar comentários desairosos; afastar sentimentos de mágoa ou
inconformação por algo contrário à nossa vontade.
Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o
rigor desalenta, afasta e irrita. (ESE., Cap. X, item 16).
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