O telefone tocou estranho, como se viesse de muito longe. Do outro lado da linha, alguém do ano de 2025 respirou fundo antes de falar, carregando na voz o peso de um ano inteiro. Quem atendeu estava em 2026, com um tom sereno, quase sorrindo, como quem já atravessou a ponte do tempo.
— Como foi aí? — perguntou 2026, curioso.
— Intenso — respondeu 2025. — Teve cansaço, perdas, aprendizados e algumas vitórias pequenas que pareceram gigantes. Foi um ano de despedidas, de mudanças forçadas e de muitas perguntas sem resposta.
2026 ouviu em silêncio, respeitando cada pausa. Depois disse:
— Tudo isso chegou aqui também. Nada se perde quando é vivido de verdade. O que vocês aprenderam em 2025 virou base, virou degrau. As dores ensinaram cuidado, e os erros ensinaram direção.
— A gente tentou — continuou 2025. — Nem sempre acertou. Às vezes faltou fé, às vezes sobrou medo. Mas houve amor, encontros sinceros e momentos que aqueceram o coração quando tudo parecia frio.
— E isso faz toda a diferença — respondeu 2026. — São essas partes que permanecem. O resto vira memória e lição.
Antes de desligar, 2025 fez a pergunta que mais importava:
— Diz pra mim… como vai ser 2026?
Houve um breve silêncio do outro lado da linha. Então veio a resposta, firme e esperançosa:
— 2026 ainda está em construção. Nada está totalmente escrito. Cada escolha, cada gesto, cada recomeço molda o que ele será. Se vocês levarem coragem, perdão e esperança, tudo pode ser melhor.
A ligação caiu. O telefone ficou mudo. Mas, no coração de 2025, ficou a certeza de que o amanhã não é um destino pronto — é uma possibilidade viva, esperando para ser construída.

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