terça-feira, 4 de abril de 2017

PROFESSOR DO SUS (OU DO SUE – SISTEMA ÚNICO DE EDUCAÇÃO)

Nosso país está caminhando para trás. Tudo o que foi conquistado pelos mais humildes, pelos que precisam mais, está sendo destruído por aqueles que não precisam, que sempre se aproveitaram da maioria da população para enriquecer. É uma triste realidade. Não adianta tirar os corruptos do poder e colocar outros, em uma cegueira ridícula onde quem é contra um é a favor do outro. Será que podemos confiar em alguém, até mesmo na justiça. Pobre Supremo Tribunal Federal, já foi, já era, suas fileiras estão contaminadas (ou sempre estiveram). Dentro de tudo isso, temos a educação de nossos filhos sendo contaminada pela falta de escrúpulos, asfixiada em nome da mediocridade de uma minoria. A educação que sempre é prioridade nos palanques políticos, é investimento no discurso, vira despesa nos fatos. Fiz um exercício de imaginação e imaginei o professor como um médico do SUS. O professor chega em sala de aula, todos os alunos na fila de espera para o atendimento, e, calmamente, ele vai chamando um por um. A criança chega (vamos imaginar que seja um aluno de 3º ano do ensino fundamental), o professor olha, avalia (as vezes nem olha e nem avalia), com calma, faz pequenos testes e “receita” algumas lições, isto tudo com a mãe do lado, prescreve um pequeno texto, algumas lições de matemática, uma leitura da história local e pede que a mãe, de jeito nenhum, deixe seu filho sem “tomar” aquelas lições. Assim faz com todos os 30 pacientes, digo, alunos. Ao final do dia, claro, satisfeito com seu desempenho, volta para casa, com a certeza de ter prescrevido tudo o que seus alunos precisavam, de acordo com a necessidade de cada um, considerando, claro, suas particularidades. Não é um exercício fácil de imaginação, para quem está diariamente na escola, das mais variadas, com alunos de origens muito distintas, com realidades que vão de horríveis a péssimas (claro que temos as boas também). É uma situação que se deteriora com o passar dos anos, pois a sociedade como um todo (governantes, governados e famílias) não compreende o papel fundamental que a escola (educação) tem na vida de todos nós. Um professor trabalhando em três períodos, não chega a ganhar um terço do que ganha um médico, por um trabalho não menos importante e em condições de trabalho bem menos favoráveis. Salas abarrotadas de alunos, profissionais desmotivados (e não falo somente de professores, pois a escola é mantida por um conjunto, por uma equipe) e carência de recursos são o estopim para a baixa qualidade da educação no Brasil. Não basta termos algumas ilhas de sucesso, é necessário que o conjunto todo funcione para que nosso país se torne de fato o ‘país de todos’.

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