domingo, 30 de abril de 2017

O PERIGO RONDA NOSSAS CASAS E NÃO ESTAMOS PREPARADOS

Estava nesta manhã de domingo fazendo a ronda em blogs e colunas que costumeiramente leio e me deparei com um texto interessante que trata de um tema atual, o jogo da "Baleia Azul". Isso tem assombrado as famílias e frequentemente temos que lidar com este problema grave na escola. Abaixo, reproduzo o texto de Érica Fraga (Colunista da Folha de São Paulo) que acredito, pode nos ajudar de alguma forma.

"Descobri na semana passada que meu filho de sete anos já tinha ouvido falar a respeito do jogo da Baleia Azul —incluindo seu suposto desafio final que seria a tentativa de suicídio—, ainda que com uma compreensão limitada sobre o que isso significa.
Mães de colegas dele relataram histórias parecidas (o alerta sobre a exposição das crianças ao tema veio, aliás, de uma delas).
Embora eu viesse lendo sobre esse assunto —até por ofício profissional–, não tínhamos mencionado isso em casa em nenhum momento. Ele não tem acesso a celular, internet e não assiste ao noticiário.
Por isso, inicialmente, fiquei bastante intrigada sobre como um tema tão árido teria chegado em crianças tão pequenas.
Depois veio a conclusão de que seria ingenuidade acreditar em algum tipo de blindagem aos ouvidos dos meus filhos em uma época em que fatos e boatos se espalham como rastro de pólvora por redes sociais.
Ainda que pais e professores evitem determinados assuntos, as notícias —falsas ou verdadeiras— circulam rapidamente entre jovens e adolescentes, que, eventualmente, podem relatá-las aos irmãos menores.
Até os cinco, seis, anos de idade a imaginação e a fantasia atuam como uma espécie de proteção contra fatos e rumores mais complexos da vida.
Na passagem para os sete, oito anos, no entanto, a percepção sobre a realidade vai aumentando gradualmente.
Noto que meu menino de sete anos começa a dar significados diferentes, por exemplo, aos vilões das historinhas infantis e aos bandidos do nosso dia a dia de metrópole violenta.
Embora ele nunca tenha presenciado algum roubo ou assalto, começou a nos questionar recorrentemente sobre o tema, que o assusta bastante, enquanto meu filho de cinco anos ainda permanece alheio a isso.
Aliás, o que mais me comoveu sobre a temática do jogo da Baleia Azul entre as crianças foi a pergunta que ele me fez quando conversamos sobre o assunto: "Mamãe, as pessoas podem se matar para escapar de uma perseguição por 20 ladrões?", associando os dois assuntos.
Não tenho a receita para a abordagem ideal em situações difíceis como essa, mas ela aumentou meu convencimento sobre a importância de ouvir nossas crianças com atenção e de buscar conversar com elas desde a mais tenra idade.
Evidências sobre os efeitos positivos do diálogo com nossos filhos só têm aumentado nos últimos anos.
Na semana passada mesmo, a OCDE confirmou isso em um relatório sobre o bem-estar dos estudantes avaliados no Pisa, conhecido exame de aprendizagem internacional.
A organização concluiu que uma simples refeição semanal entre pais e filhos está associada a um aumento de pelo menos 12 pontos na nota dos jovens em ciências (a comparação leva em conta alunos com o mesmo nível socioeconômico).
Segundo a OCDE, esse resultado pode capturar o fato de que os pais aproveitam esse momento para encorajar os filhos a estudar, monitorar seu desempenho na escola e demonstrar apoio a eles.
Outras atividades como passar tempo apenas conversando com as crianças e discutir seus resultados acadêmicos também têm efeito positivo sobre a aprendizagem.
A organização concluiu ainda que adolescentes que percebem elevado interesse dos pais por suas atividades escolares se sentem mais satisfeitos com suas próprias vidas.
Isso, certamente, reduz a vulnerabilidade à depressão que, ao contrário do jogo da Baleia Azul —que permanece no campo do boato— é, sem dúvida, uma causa do aumento de suicídios de jovens em todo o mundo."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ericafraga/2017/04/1878644-refeicao-e-atividade-com-os-filhos-podem-ser-arma-contra-a-baleia-azul.shtml

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