É hora de ser feliz, não deixa para depois, pois poderá ser
tarde. Não é uma previsão catastrófica, é apenas uma constatação. Claro que não
podemos viver com a pressão de que amanhã não estaremos mais vivos, o que pode
ser verdade, mas é humanamente impossível prever e viver com isso. Contudo, é
preciso ter consciência de que quem faz planos em longo prazo, geralmente não
os conclui. Depois de mais de quarenta anos de vida chego a uma conclusão
óbvia, mas verdadeira. Nós (e não “nóis”) quando passamos dos 40 começamos a
fazer hora extra aqui neste mundo. É uma curva descendente. Começamos mais a
perder do que a ganhar. Perdemos nossos entes queridos, perdemos nossa força vital,
nossa animação. Seria isso uma tristeza? Claro que não! Apenas precisamos nos
conscientizar disso e viver de acordo com nossas possibilidades vitais. Muito do que se fazia até os 30, agora já se torna um sacrifício. Toda a força que
tínhamos se esvai, nos abandona como se partisse pra outra, como se procurasse
outros mais jovens para se divertir. Horas sem sono já deixam reflexos.
Exageros na bebida e na comida já cobram por isso. Correr atrás de uma bola ou
até de filhos e netos já se torna uma tarefa dura. Enfim, não é deixar de
viver, mas é sim viver com a consciência de novas limitações, de um novo modo
de viver, de novos prazeres e da certeza de aproveitar melhor os momentos que às
vezes desperdiçamos na juventude.
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